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Crítica – Um Lugar Silencioso: Dia Um entrega um prequel carregado de carisma e importância

Trilogia criada por John Krasinski finaliza com intensidade e atuações marcantes.

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Muitos filmes que possuem trilogias, principalmente as forjadas na década de 2000, enfrentam um problema em comum: não conseguem manter o mesmo nível de excelência de seus antecessores. Felizmente, com os avanços dos universos compartilhados e as altas produções das séries de televisão, as grandes produtoras de Hollywood entenderam que a melhor ferramenta é a paciência. A franquia criada por John Krasinski parece ter sentido um pouco desse cansaço em seu segundo filme. Porém, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” parece beber muito dessa paciência. Pois, neste que parece ser o último da franquia, entrega uma narrativa mais madura e carregada de sentimento.

No novo longa, acompanhamos Sam (Lupita Nyong’o), uma poetisa que está lutando contra o câncer e morando em uma clínica. Ao sair para um passeio, ela se depara com o ataque dos temidos alienígenas com audição superaguçada. Em sua jornada atrás de um pedaço de pizza, ao lado de Frodo, seu gato de apoio, ela encontra Henri (Joseph Quinn), um advogado recém-chegado da Inglaterra, que sofre de ataques de ansiedade. Juntos, eles decidem alcançar seu objetivo e tentar se salvar da maneira que puderem.

Mesmo que o primeiro filme ainda seja o favorito de muitos, este é o que mais me chama a atenção. Embora eu tenha dito que ela está indo atrás de um pedaço de pizza (o que tem um significado maior durante a história), o desenrolar nos entrega algo essencialmente adulto. Afetada por um câncer terminal, sabemos desde os primeiros cinco minutos do filme que ela está em seus últimos dias de vida. Usando a situação como uma alegoria para a franquia, percebemos talvez uma mensagem clara de que este pode ser o último filme que veremos deste universo.

Por isso, Krasinski, agora como roteirista, e dirigido por Michael Sarnoski (que também assina o roteiro), faz sua última bala valer a pena. Diferente dos dois primeiros filmes, ambientados em uma cidade pacata, estamos no centro de Nova York, uma das cidades mais barulhentas do mundo. E assim como é mostrado nos outros longas, as coisas não demoram para acontecer, e o silêncio se torna a maior defesa. Por estarem em uma das maiores cidades do mundo, eu estava curioso para saber como seriam abordadas as cenas de suspense e ação. Mesmo que a resolução seja previsível em alguns momentos, a execução da ideia é muito criativa.

Depois dos primeiros minutos, que demoraram um pouco para me fisgar, o ritmo se torna equilibrado, com a perseguição como pano de fundo para o nosso tema central. Diferente do primeiro e do segundo filme, que trazem a ideia de proteger a família e o futuro, este fala sobre mortalidade e sobre a ideia de se arriscar por aquilo que realmente importa.

Lupita Nyong’o, de maneira sublime, nos mostra uma personagem carrancuda e frustrada por conta de como sua vida estava terminando. Por isso, ela decide se arriscar, já que sua vida, independentemente dos monstros ou não, está no fim. Em paralelo, temos Henri, um advogado com ansiedade que estava no início de sua vida planejada, vendo tudo indo por água abaixo junto com a humanidade. Por isso, ao que parece, ele decide se arriscar pela primeira vez atrás de um pedaço de pizza.

Não seria exagero dizer que temos uma essência de Road Movie na narrativa de Dia Um. Afinal, temos dois personagens perdidos que tentam se encontrar em meio ao caos, e isso é muito mais que suficiente. Podemos não nos assustar tanto quanto nos dois primeiros filmes, mas estaremos mais aflitos por conta de personagens que estão mais próximos da gente do que nunca na franquia.

No fim, vemos que cada um aprendeu algo, carregado em cenas de sentimentos genuínos. Até porque, eu pensaria em algo parecido se estivesse no fim da minha vida: ter coragem e ir atrás daquilo que realmente importa.

Um Lugar Silencioso: Dia Um tinha tudo para dar errado e, felizmente, não deu. Com uma dose de fofura (Frodo, o gato) e uma mensagem singela, mas bem-feita, ele te conquista. Uma baita diversão honesta que vai te deixar pensando por um tempo, na mensagem que carrega e na sua trilha sonora.