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Crítica – “The Bear” muda o cardápio e acerta ao dar um respiro para o telespectador

Novo ano da aclamada série foca em seus personagens enquanto prepara o terreno para o seu desfecho.

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Imagem ilustrativa

De maneira arrebatadora, Christopher Storer fez seu nome ao criar a série “The Bear”. Com duas temporadas explosivas mostrando as aventuras de Carmy (Jeremy Allen White) tentando honrar o legado do seu irmão, chegamos à terceira temporada e o restaurante que leva o nome da série está entre nós. Depois de um ano intenso, com reconstruções, ataques de pânico e Taylor Swift, a aclamada série da FX nos entrega o ano mais introspectivo até aqui. E isso, provavelmente, é o maior acerto dessa temporada.

Depois de dois anos com os nossos personagens com a corda no pescoço e muita gritaria, a nova leva de episódios nos traz a melancolia misturada com a alta gastronomia. Seguindo os acontecimentos da segunda temporada, Carmy ainda tem o desafio de levar o “The Bear” ao topo enquanto lida com seus demônios. Em paralelo, vemos o resto da família lidando com seus dramas pessoais. Contudo, mesmo que pareça um ano com vários assuntos misturados, existem dois temas que permeiam a nova temporada: Vida e Morte.

Abrindo com um episódio quase mudo, frio e com uma montagem precisa, vemos um pouco da trajetória do nosso protagonista. Carmy, apesar de parecer muito complexo em muitas situações, é uma pessoa muito simples. Durante toda a sua infância e adolescência, ele via seus sonhos serem “mortos” pela sua família. Até que um Natal em família mudou tudo. Então ele deixou seu lado familiar morrer para viver em seu mundo profissional. Em paralelo, vemos o presente onde o chef se isola de todos em sua cozinha. Mesmo que seja doloroso ver o primeiro episódio, ele é a morte do Carmy que conhecemos da forma mais sublime que poderíamos ver. Junto dessa transformação, percebemos que o roteiro, de maneira sutil, nos diz que o The Bear que conhecemos está morrendo.

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Reprodução / Star+

Transformações e Morte Conceitual

A cozinha está de alto nível, os ângulos de câmeras estão mais sofisticados, o rock barulhento de fundo é substituído por música clássica, os sentimentos estão mais introspectivos e os pratos estão mais refinados. O mesmo vale para os nossos queridos personagens: Marcus está mais focado, assim como Tina; Sugar está aberta a perdoar; e Richie está finalmente aceitando que seu casamento acabou. Entre transformações e mortes conceituais, temos Sydney no meio disso tudo.

Apesar de eu não gostar muito de personagens que tentam recriar o público em meio ao caos, a Chef Syd é uma dose muito bem-vinda no roteiro. Funcionando quase como um contrapeso do nosso protagonista, a personagem interpretada por Ayo Edebiri é impulsiva, insistente e a única que consegue ver o futuro do The Bear: a morte precoce.

Reprodução / Star+

O fim está próximo?

Carmy, pintado como vilão dessa temporada, precisa de alguém que nos mostre o que pode acontecer se o ritmo continuar desta forma. Mesmo que o restaurante esteja indo bem na organização, no fundo percebemos que algo está errado. E assim como qualquer ser humano, ao sentir o perigo, nós queremos pular do barco.

Com uma montanha-russa de emoções, sentimos que os últimos episódios chegam a ser um pouco mais lentos do que o ideal e de vez em quando prolixos. Contudo, a graça de The Bear está na carga intensa de emoções em poucos minutos, e isso ajuda a não sentirmos tanto esse cansaço. Com o último episódio trazendo um funeral simbólico e um gancho para uma possível última temporada, ainda mantemos aquele gostinho de um bom prato.

The Bear está mais chique e glamuroso, mas ele não perdeu sua essência. Criado e muitas vezes dirigido por Christopher Storer, percebemos que, mesmo imprevisível, ele ainda tem tudo sob controle. O que é um sentimento raro nas séries da atualidade.